Interessante matéria publicada no Jornal A Tribuna de Santos/SP na sua edição de 31 de julho de 1935. Era um tempo romântico do futebol, que hoje não existe mais:
“Quem assistiu domingo passado ao encontro Portuguesa e Guarani, de Campinas, e verificou depois de certo tempo que a qualidade do jogo cedia seu posto ao desinteresse devido a constante pressão do clube local sobre o adversário, devia ter notado também que os principais protagonistas do encontro, apareciam nas figuras dos zagueiros Tijolo e Joca. Esses dois veteranos, diante do insucesso do seu conjunto, cuja atuação deixou algo a desejar, eram os que mais entusiástica e ativamente operavam, na esperança de verem de momento a momento melhorar a técnica e a classe do jogo dos seus companheiros.
Por fim, notando que nada mais era possível em benefício do onze, aceitaram o domínio do rival como uma conseqüência natural de um conjunto de maior cartel, porém, em nenhum momento se entregaram. Firmes nos seus postos, mais pareciam combatentes de última linha numa batalha, das linhas de retaguarda, cuja missão é queimar os últimos cartuchos. Resistiram até o fim, mantendo o espírito combativo.
Apreciamos a atuação dos dois veteranos jogadores. Abordamoxlos ao fim da peleja. Estavam exaustos, mas tinham a convicção do dever cumprido.
– Lutamos bastante, nos disse Tijolo.
– E mais não era possível, acrescentou Joca.
De fato, eles haviam lidado com ardor. Outros que fossem e teriam entregue o jogo, permitindo a Portuguesa um rosário de tentos. No entanto, um só, um tento apenas, resultou de todo aquele domínio do segundo tempo.
Os dois veteranos protagonistas principais desse amistoso de domingo passado – vale a pena dizer – estão atuando junto há quase 10 anos, no Guarani. São dois símbolos, dois elementos que nesse década tem acompanhado a evolução e todas as transformações do clube, desde a sua atividade regional, o seu ingresso na APEA, ao lado dos titulares do futebol no Estado, até os dias de hoje, em que forma novamente a frente de todas as associação campineiras.
Tijolo e Joça são dois amigos inseparáveis, não só dentro do campo, onde defendem posições iguais, mas, ainda, fora dele.
O mais antigo no Guarani é Joca. Há 17 anos que enverga a camiseta verde do Bugre. Tijolo ali apareceu vindo da Ponte Preta para ser seu companheiro.
Foram junto há quase 10 anos, sendo por isso a mais antiga zaga em atividade no Estado e talvez no Brasil.
Tijolo, atravessou um temporada em forma invejável e o seu nome, por mais de uma vez, foi chamado ao selecionado B de São Paulo, onde teve ocasião de atuar.”